quarta-feira, 31 de março de 2010

11 - Ilusões Perdidas,de Honoré de Balzac

Personagens tão reais quanto coisas,suas relações com dinheiro,amor e status, a busca pela glória,o choque das gerações,a inveja e o ciúme – todos os sentimentos humanos são recriados por Balzac (1799-1850) neste romance inesquecível.Respire fundo antes de entrar;é aos poucos que Balzac vai acumulando cenas e observações que vão ganhando sutileza e profundidade,e a figura de Lucien de Rubempré,o talento provinciano e romântico que tenta se afirmar em Paris,ao mesmo tempo nos expõe suas fraquezas e mediocridades e nos causa empatia irreversível.

12 - O Vermelho e o Negro,de Stendhal

Ao lado de Ilusões Perdidas ,é o grande romance do século 19. Mas não se assuste com isso ou com o rótulo de "clássico"e suas mais de 500 páginas.Deixe o ritmo de Stendhal (1783-1842)conduzi-lo,e a recompensa virá no conhecimento de Julien Sorel,o pobre ambicioso que quer ascender socialmente numa Paris em convulsão,mas nunca é inteiramente "aceito"porque,dono de um objetivo só,não pertence a grupos e desconhece seus códigos.Como em todo grande romance,não sabemos de que lado ficar.

13 - Madame Bovary,de Gustave Flaubert

Depois de tantos romances sócio-psicológicos majestosos como os de Balzac e Stendhal,Flaubert (1821-80)veio criar uma nova forma de contar histórias.Em Madame Bovary ele se ateve ao enredo tradicional,uma historinha de adultério.Mas colocando a mulher como protagonista e pintando uma galeria de homens patéticos,cada um a seu estilo,Flaubert reverteu a retórica e forjou um estilo cuidadosamente despojado,que rejeita o "crescendo"e o detalhismo.Flaubert revolucionaria a prosa de ficção ao defender que cada história tem seu estilo e a jamais se repetir de um livro para outro.

14 - Tom Jones,de Henry Fielding

Depois da sátira moral de Jonathan Swift em Gulliver ,o romance inglês nunca mais seria o mesmo.Agudo e irônico como Swift,Fielding (1707-54)veio lhe retirar o moralismo e dar um alcance social em Tom Jones ,uma trama realista que envolve pela sensual seqüência de peripécias – amores,duelos,banquetes – comentadas pelo narrador falívele corajoso.A riqueza de personagens,especialmente da virtuosa Sofia,o Graal que Tom persegue,é acentuada pelo encadeamento das ações,em vez de atenuada em estereótipos.Um grande feito literário.

15 - Nicholas Nickleby,de Charles Dickens

Se Honoré de Balzac é o ápice da criação de personagens na Paris da primeira metade do século 19,Charles Dickens o é em Londres.Autor de numerosas histórias que passaram ao imaginário ocidental com uma força única,Dickens atingiu em Nicholas Nickleby (1839)uma energia que não se repetiria nas obras mais maduras e controladas,como David Copperfiel e Bleak House .Ninguém capturou o mundo social que envolve as crianças como Dickens,o impacto do abandono e dos maus-tratos e o sentimento de revolta que esse impacto vai deixar para sempre.

16 - Emma,de Jane Austen

No romance inglês do século 19 algumas mulheres despontaram com uma capacidade impressionante de observação sintética:Charlotte Brontë (Jane Eyre ),George Eliot (Middlemarch )e Jane Austen (1775-1817).Das três,Austen é aquilo que se acostumou a chamar de mais "feminina": suas mulheres parecem frágeis ou impotentes em boa parte do tempo,
mas nos momentos cruciais revelam uma força de caráter e expressão que só se adivinhava em detalhes.Os costumes e suas motivações – sempre em torno de casamentos – são descritos com uma finura insubstituível.

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